Kaizer Mokoa tem 30 anos. Morador do Soweto desde que nasceu, ele tentou ser jogador profissional. Não conseguiu. Porém, a solução encontrada pelo sul-africano foi bem interessante. Atualmente ele treina 20 garotos carentes da região, todos ex-criminosos. A dedicação é tão grande que o time “ignorou” a seleção brasileira.
Não por vontade, mas sim por circunstância. Embora o campo de treinamento do Kaizer Eleven, nome dado pelo comandante à equipe, fique atrás do estádio de Dobsonville, onde Kaká, Robinho e cia treinaram nesta quinta-feira, os jogadores não conseguiram ingressos para o “show”. Resolveram, então, treinar.
- Nós ficamos sabendo e quando fomos atrás dos ingressos (todos foram distribuídos) não tinha mais. Todos aqui ficaram muito empolgados. De qualquer maneira ter a seleção brasileira tão perto assim é uma inspiração para nós, uma experiência interessante – declarou o técnico Kaizer.
Jogadores do Kaizer Eleven durante treinamento
Enquanto os craques da seleção brasileira treinavam no gramado de Dobsonville, os jovens do Soweto, todos entre 18 e 21 anos, batiam bola em um campinho de terra, que divide espaço com um estacionamento. Conformados em não ver os atletas do Brasil, eles apenas sonham ter o mesmo sucesso.
- O pensamento de todos aqui é chegar a um clube como profissional. O Kaizer nos prepara para isso, mas sabemos que é difícil – disse o jovem Mpho, de 19 anos.
O barulho das vuvuzelas e dos gritos por Kaká no Dobsonville dava para ser ouvido no campo de terra. Mas os garotos do Soweto não perderam a concentração. Até porque na próxima semana eles iniciam participação em um campeonato amador de Joanesburgo, com outros 15 times na disputa.
- Estamos treinando forte porque na semana que vem temos um campeonato. Para esses garotos é excelente essa atividade aqui – completou o técnico Kaizer, que de trás do gol dava orientações, bem calmamente, a todos os seus jogadores.
Quando a reportagem do GLOBOESPORTE.COM deixava o campinho de terra dos Kaizer Eleven, a noite começava a cair em Joanesburgo, mas a disposição deles continuava em alta. Bastou o técnico dar a orientação que todos recolocaram os seus coletes, pegaram as bolas e voltaram a treinar para o torneio de logo mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário