Você já imaginou comemorar um gol de Luis Fabiano, centroavante do Ituano, na Copa do Mundo? Ou ver as arrancadas de Maicon, considerado o melhor lateral-direito do mundo e jogador do Criciúma, na África do Sul? Pode parecer estranho, mas 18 dos atletas da seleção brasileira que vão tentar buscar o hexa na África do Sul passaram por clubes brasileiros sem status mundial. Trocando em miúdos, tiveram que suar muito para chegar onde estão.
Hoje titular do Tottenham e reserva imediato de Julio Cesar, Gomes sabe bem o que é perambular quando garoto. Antes de fazer sucesso com a camisa 1 do Cruzeiro, disputou a Terceira Divisão de Minas Gerais pelo Democrata de Sete Lagoas e se arriscou no Nordeste, onde atuou pelo CRB-AL. Doni chegou a ser vice-campeão paulista pelo Botafogo-SP.
As laterais também contam com jogadores que conheceram o lado mais difícil do esporte. Pela direita, o gaúcho Maicon, fundamental no Inter de Milão, conviveu de perto com a cor amarela no uniforme, mas não o da seleção. Nas categorias de base, defendeu o Criciúma-SC e rumou para o Cruzeiro.
Do lado aposto, outro filho do Rio Grande do Sul. Michel Bastos, do Lyon-FRA, já passou pelo Pelotas-RS antes de fazer sucesso no Figueirense e no Atlético-PR. Daniel Alves, atualmente ídolo no Barcelona e o reserva mais titular de Dunga, já vestiu a camisa do modesto Juazeiro-BA. Gilberto passou pelo América-RJ.
Luisão com a camisa do Juventus, da Mooca
- Comecei a jogar e pedi para o meu irmão vir também. Eles aceitaram. O time profissional aqui de Juazeiro disputava a Segunda Divisão do Campeonato Baiano. Quando subiram para a Primeira Divisão foi necessário criar as divisões de base – contou Daniel.
Encantados com o poder da defesa brasileira sob o comando de Dunga, os adversários mal podem imaginar que os zagueiros nem sempre estiveram em clubes de destaque. O capitão Lúcio, por exemplo, foi comprado pelo Internacional por R$ 300 mil depois que o time dele, o Guará-DF, foi goleado por 7 a 0 pelos gaúchos, pela Copa do Brasil de 1997. No mesmo setor, Luisão e Thiago Silva jogaram por equipes com nomes pomposos, mas em condições bem diferentes. Eles defenderam Juventus-SP e Barcelona-RJ antes de virarem profissionais.
Josué é outro que tem história para contar. Campeão mundial pelo São Paulo e alemão pelo Wolfsburg, o volante de marcação firme deu os primeiros passos no Porto de Caruaru-PE. Kleberson viveu situação semelhante ao começar a jogar no PSTC, clube de divisões de base do Paraná, onde foi descoberto pelo Atlético-PR. Felipe Melo, comprado por € 25 milhões pelo Juventus-ITA, rodou a Espanha com o modesto Almería. Já Gilberto Silva começou no tradicional América-MG.
Maicon pelo Criciúma, agachado à esquerda
Na armação, Júlio Baptista e Elano brilharam no São Paulo e no Santos respectivamente, mas vestiram uniformes mais modestos anteriormente. O primeiro foi descoberto pelo Tricolor no Pequeninos do Jóquei, clube não profissional da capital paulista. O segundo defendeu o Inter de Limeira, hoje na quarta e última divisão do estado, e o Guarani. Ramires deu início a seu motorzinho nos pés no Joinville-SC.
- Fazia um trajeto muito longo. Pegava oito ônibus por dia. Era Iracemápolis até Limeira, de Limeira até Campinas. Depois até a rodoviária de Campinas e outro até o Brinco de Ouro. E a volta era igual. Mas na época não era cansativo. Era prazeroso. Ia atrás de um sonho. Mas hoje você para e pensa... nossa... era difícil mesmo – disse Elano.
Daniel Alves (em pé na direita) deixou o Juazeiro e acertou com o Bahia
Luis Fabiano, herdeiro da camisa 9 que foi de Ronaldo e Romário, esperança de gols da seleção na África do Sul, exerceu a mesma função no Ituano, do interior paulista. Antes, porém, chegou a ser dispensado das categorias de base do Guarani. Mais tarde, viraria ídolo da arquirrival Ponte Preta.
- Na troca de categoria, fui dispensado. Era muita gente. O treinador chegou para mim e falou “tem muitos, não vai dar para você ficar”. Com 14 anos, eu me desanimei. Pensei, agora então vou ficar sem jogar – lembrou o Fabuloso.
Lúcio posa para foto com o uniforme do modesto Guará-DF, de onde saiu para o Inter-RS
A relação conta ainda com outros dois atacantes que são esperança de gols na Copa. Nilmar atuou no Matsubara-PR e Grafite vestiu a camisa do Matonense-SP. As exceções da seleção são o goleiro Julio Cesar e o zagueiro Juan, revelados no Flamengo, o meia Kaká, lançado pelo São Paulo, além do atacante Robinho, saído do Santos.
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