Treinador tem aproveitamento próximo a de campeões, como Zagallo e Feola. Veja o retrospecto de Dunga
Dunga deixou o comando da seleção brasileira com 68 jogos, 49 vitórias, 12 empates e sete derrotas. Perde em aproveitamento para treinadores campeões mundiais, como Zagallo (1970) e Vicente Feola (1958), mas também para Telê Santana, único a perder duas Copas do Mundo seguidas comandando o Brasil (1982 e 1986). Veja abaixo o aproveitamento dos cinco melhores da história:
Zagallo: 79,1% (133 jogos)
Telê Santana: 78,7% (55)
Vicente Feola: 78,6% (75)
Dunga: 77,9% (68)
Vanderlei Luxemburgo: 73,1% (57)
Desde que convocou os 23 escolhidos para a competição na África do Sul, dia 11 de maio, até a véspera da estréia contra a Coreia do Norte, dia 15 de junho, Dunga repetiu que tudo o que conquistou anteriormente seria esquecido em caso de fracasso no continente africano.
Foram dois títulos, Copa América de 2007, na Venezuela, vencendo a Argentina por 3 a 0 na decisão, e da Copa das Confederações, em 2009, na África do Sul. Terminou sozinho na liderança das Eliminatórias, algo inédito para o Brasil desde que o classificatório passou a ser por pontos corridos (nas eliminatórias para 2006 o Brasil dividiu o primeiro posto com os argentinos).
Um pequeno fracasso em 2008 não manchou a campanha até ali. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, único título que o Brasil não tem, uma derrota por 3 a 0 para a Argentina na semifinal frustrou o treinador. Neste campeonato ele riscou alguns nomes para a Copa, como o lateral-esquerdo Marcelo e o meia Ronaldinho Gaúcho. Não os quis no que imaginou que seria uma campanha vitoriosa e precisava de jogadores dedicados. Mal sabia o que o esperaria nas quartas de final.
A contratação
Dunga foi anunciado como treinador em 24 de julho de 2006, exatos 24 dias depois da eliminação na Copa da Alemanha, para a França, nas quartas de final. Na palavra do presidente Ricardo Teixeira, ele contratou um treinador que vibraria com o time e com os torcedores. O contrário de Parreira, considerado calmo demais.
Nos bastidores, porém, a ordem de Teixeira era outra: acabar com regalias que os “medalhões” tiveram no Mundial alemão. Por isso que Ronaldo e Roberto Carlos, identificados como os comandantes das festas na Europa, nunca mais foram chamados.
Até mesmo Kaká, considerado bom moço, começou na reserva nos primeiros jogos de Dunga, vitórias sobre Noruega e Argentina (este um 3 a 0, na Inglaterra, que teve como destaque Elano, jogador que seguiria com Dunga até a Copa).
“Fui contratado para resgatar da credibilidade da Seleção Brasileira junto ao torcedor”, disse Dunga na época. Por isso que na coletiva pós-eliminação ele classificou seu trabalho como bem feito, já que teria resgatado essa credibilidade.
Copa América
Depois de disputar 11 amistosos, e só perder de Portugal (2 a 0), chegou a Copa América, em julho de 2007. E a “família Dunga” começou a ser formada ali. Dunga esperneou ao saber que jogadores como Kaká e Ronaldinho Gaúcho pediram dispensa para descansar da temporada europeia. Neste momento Ronaldinho entrava na lista negra do técnico. Robinho, por outro lado, quis atuar e ganhou de vez a simpatia de Dunga. A campanha terminou numa vitória de 3 a 0 sobre a Argentina, que estava com o time completo. Jogadores como Daniel a Alves e Josué ganharam espaço, enquanto outros perderam, como Afonso Alves e Helton.
Eliminatórias
Em outubro de 2007 começaram as Eliminatórias, que o Brasil passou com tranqüilidade, quebrando tabus como bater o Uruguai em Montevidéu (4 a 0) e a Argentina fora de casa (3 a 1 em Rosário). Nesta competição Dunga começou a formar o time que levaria para a África. Luís Fabiano, por exemplo, foi chamado pela primeira vez em 21 de novembro de 2007, quando marcou duas vezes nos 2 a 1 sobre o Uruguai no Morumbi. O Brasil terminou em primeiro, com 34 pontos.
Olimpíada
Dunga não queria Ronaldinho Gaúcho como um dos três acima dos 23 anos que poderia ser convocado em Pequim, em 2008. Mas Ricardo Teixeira pediu e o funcionário acatou. A péssima atuação do camisa 10 na competição serviu para que o treinador usasse de argumento para não chamá-lo mais. Outros jogadores se “queimaram” com Dunga, como o lateral Marcelo, o meia Diego e o volante Hernanes. O bronze, na entrevista do técnico, foi considerado um bom resultado, mas levar 3 a 0 da Argentina na semifinal não pegou bem.
Copa das Confederações
Prévia da Copa do Mundo, o torneio disputado em 2009 na África do Sul em alguns dos estádios do Mundial do ano seguinte foi conquistado pelo Brasil com dificuldade, apesar de enfrentar rivais inferiores na fase final. Na primeira etapa, um 3 a 0 sobre a Itália empolgante, mas na semifinal houve sufoco para fazer 1 a 0 na África do Sul e na final a virada emocionante (3 a 2) não escondeu que sair perdendo de 2 a 0 para os EUA não é algo que se queira no currículo. Dunga praticamente fechava ali o time para a Copa.
Copa do Mundo
Isolamento, discussões com a imprensa, poucas opções no banco. Foram vários problemas na África do Sul, já relatados em outra reportagem do iG. Como o próprio Dunga disse antes de o torneio começar, não adiantaria todas as conquistas relatadas acima se não ganhasse a Copa. Pois o que ficará na memória dos brasileiros é a derrota para a Holanda, a sexta do treinador no comando do Brasil.
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