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domingo, 15 de agosto de 2010

Galvão Bueno, sobre Dunga: 'Não levou a Seleção. Levou os amigos'

Locutor da TV Globo disse que teve mais gosto em transmitir o último amistoso do Brasil que os jogos da Copa do Mundo

Galvão Bueno (Foto: Duda Bairros / Stock Car)

Depois de revelar que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil deverá ser a sua última como locutor da TV Globo, Galvão Bueno disse que não teve prazer em narrar os jogos da Seleção Brasileira na última edição da maior competição do futebol, na África do Sul. Em entrevista concedida à colunista Mônica Bergamo, da "Folha de São Paulo", ele falou sobre o ‘revanchismo’ apresentado pelo técnico Dunga, da reformulação da Seleção, da relação com os amigos que fez no futebol e da campanha "Cala boca, Galvão!", sucesso no Twitter.


- Transmitir os jogos da Seleção Brasileira, na minha profissão, é um êxtase. Mas talvez essa tenha sido a única das dez Copas em que não tive prazer (nas partidas). Você sentia que os jogadores não jogavam com gosto, eles jogavam com raiva, mais para dar resposta do que pelo prazer de jogar. Isso não é futebol brasileiro. O processo foi tão doloroso, tão triste, uma coisa tão exagerada, tão radical. Eu sempre defendi o Dunga. Ele começou muito bem, caminhou bem e depois se perdeu inteiramente. Por que uma pessoa tão vitoriosa tem que se alimentar de revanchismo? Quem se alimenta de ódio e revanche está sempre mais perto da derrota do que da vitória. Nós saímos da Copa sem usar a terceira substituição. Talvez não tivesse ninguém pra colocar, porque ele não levou a Seleção. Levou os amigos dele – lembrou.

Galvão Bueno fez questão de elogiar a reformulação que a Confederação Brasileira de Futebol está realizando com a equipe principal. Para ele, a apresentação na vitória por 2 a 0, contra os Estados Unidos, mostrou que o Brasil resgatou sua tradição.

- Um espetáculo. Esse primeiro jogo resgatou o nosso jeito de ser, a irreverência, a molecagem sadia. Você vê o Ganso, o Neymar, o Pato, que tinham que estar lá na Copa da África. Fiquei extremamente feliz. Tive mais prazer em transmitir esse amistoso que os seis jogos que fiz na Copa – revelou.

A longa carreira o fez ganhar muitos amigos dentro do futebol, inclusive jogadores. Porém, ele diz que hoje em dia a comunicação com os atletas tornou-se mais difícil devido aos seus assessores.

- Quando sofri um acidente (2004), o Kaká ligou para o hospital e disse à Desirée (sua mulher): ‘Diga que é o outro filho dele, o do futebol’. Essa é a nossa relação. Pelé, Rivelino, Zico, Júnior, Falcão, são gênios. E meus amigos há 30 anos. Mas hoje está mais difícil. Para falar com um jogador, você passa por 18 assessores. E provavelmente, se não for o Galvão, não fala com eles.

Sobre a brincadeira que surgiu na internet com o título “Cala a boca Galvão”, ele se lembra que chegou a tomar um susto, mas depois até se divertiu.

- Foi um barato, uma grande gozação. E virei papagaio! O Ayrton Senna me chamava de papagaio, e agora virei oficialmente. Ele deve estar morrendo de rir. Mas eu tomei um susto, é claro. Começou quando eu e a Fátima (Bernardes) apresentávamos o show de abertura da Copa. Esse Twitter é um troço doido – disse ele.

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