Seu Sid diz que Dunga começou como atacante
Disciplina, comprometimento e jogadores guerreiros. As palavras de ordem de Dunga são conhecidas de longa data de quem conviveu com ele na infância. O treinador, demitido da seleção no último domingo, começou a ter contato com a bola muito cedo. E, adiantado para a sua idade, jogava entre adultos, como lembram moradores de Ijuí, cidade a 410 Km de Porto Alegre, onde ele nasceu. O GLOBOESPORTE.COM foi buscar os primeiros passos do treinador, que desde os 13 anos já dava socos no ar, era disciplinado, exigente nos treinos e não gostava de perder.
Seu Sidionês dos Santos, conhecido como Sid, interrompeu o trabalho em uma obra para conversar com a reportagem. Hoje com 62 anos, ele jogou com o menino, que na época tinha 13, no Metropol do bairro da Glória. E lembra que Dunga sempre desafiava o treinador, até que conseguiu uma vaga no time de jogadores bem mais velhos.
- Ele era pequeno, mas era parrudinho e queria jogar de qualquer jeito entre os adultos. O treinador achava que ainda era cedo, ele era novo demais. Quando ele entrava no time, como atacante, fazia gols e apontava para o técnico, mostrando que estava pronto. Até que um dia foi colocado na equipe desde o início e não saiu mais – conta Sid.
Do Metropol, Dunga passou por mais um pequeno grupo amador e depois foi levado para o Ouro Verde, que tinha mais prestígio e força nos campeonatos do interior. Com 15 anos, ainda era muito mais novo que os demais - o segundo mais jovem tinha 22 anos -, mas também conseguiu uma vaga de titular rapidamente.
- Fomos campeões em 1979 vencendo o São José por 3 a 0, e dois dias depois ele já estava no Internacional. Gostava muito de treinar. Nossos treinos eram por volta das 17h, pois o pessoal trabalhava. Ele, como era menino, chegava bem antes e já começava a correr e se exercitar. Era jovem, mas com uma personalidade muito forte. Vinha de uma família de jogadores, por isso foi encaminhado e incentivado, principalmente pelo pai. Sempre foi vibrante em campo e tinha um ótimo passe – descreve Ari Bertollo, que na época era diretor de futebol do Ouro Verde.
Dunga, o sexto em pé, da esquerda para a direita, foi campeão pelo Ouro Verde ainda adolescente. Jair, o amigo, é o quarto da fila, e guarda a foto até hoje
Jair Bombardieri, que jogou com o ex-treinador da seleção, acha que o time amador ensinou muito ao profissional Dunga. Pois era uma equipe muito forte na marcação, disciplinada e comprometida.
- O nosso time, apesar de amador, era muito organizado e guerreiro. Não aceitava perder. Não ganhávamos dinheiro algum, fazíamos tudo por amor. Éramos unidos, disciplinados. Acho que tudo isso o Dunga aprendeu conosco. Ele era nosso menino, carregava as chuteiras e sacos de bolas. Os passes que ele dava na seleção com o lado do pé já dava pra mim no Ouro Verde. E fazia o gesto do punho cerrado nas comemorações. Somos amigos até hoje - destaca Jair.
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