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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Primeiro técnico de Mano, Marino levava 'bronca' do ex-aluno

Desde garoto, o atual técnico do Brasil mostrava comando. Morador de Passo do Sobrado, Marino conta sobre como conheceu Mano

Carteirinho de sócio de Marino, assinada pelo pai de Mano (Foto: Leandro Canônico / Globoesporte.com)

Amarino Pádua Faleiro, mais conhecido como Marino, tem 80 anos e mora em uma simples casa em Passo do Sobrado, no interior do Rio Grande do Sul. Aposentado, ele levava uma vida tranquila, sem muita agitação. Até que Mano Menezes foi anunciado técnico da Seleção Brasileira. Desde então, ele é uma “celebridade”.


Primeiro técnico de Mano no modesto Esporte Clube Rosário, ele virou referência na cidade. Todos o conhecem. Sua casa é apontada com a naturalidade de quem lhe avisa onde é a prefeitura ou a igreja. Atencioso e bem humorado, Marino lembra detalhes da convivência curta e intensa com o técnico. Ele tem muito orgulho disso.

- Vamos com calma, porque eu sofro do fôlego, menino – pede o senhor antes de começar a contar a sua história em Passo do Sobrado.

Recuperado da súbita falta de ar, Marino iniciou.

- Veja só meu filho. Voltando do trabalho (no departamento de rodovias do estado), eu sempre passava em frente ao campo e via a gurizada jogando. Só que as bolas deles eram muito velhas, estragadas. E como eu tinha facilidade com essas coisas, resolvi arrumá-las para eles – contou o senhor, nascido em Venâncio Aires.

A partir daí é que começou a relação que o fez virar técnico de futebol amador no interior do Rio Grande do Sul. Tudo por amor, não por dinheiro.

- Comecei a reparar que a gurizada era boa. E no meio de todos eles tinham esse rapaz chamado Mano Menezes. Eu então fiz amizade com o pai dele, o Omar Menezes, e comecei a trabalhar com eles no Rosário. Tenho até hoje a recordação daquele tempo – disse Marino, mostrando orgulhoso sua carteirinha de sócio.

Professor Mano


Como a maioria dos coordenadores trabalhava e os garotos também, não havia tempo para treinamento naquela época. Eles se encontravam apenas na hora do jogo. Mas o time era bom. Segundo Marino, difícil de ser batido.

- Nós jogávamos sempre contra os times da região de Rio Pardo, de Santa Cruz do Sul. E quando começamos a ganhar muito, o Guarani-RS nos chamou para participar de um campeonato em Venâncio Aires. Mas nós não tínhamos dinheiro. Íamos em caminhão de carga e vendíamos salgadinho para pagar – relembrou.


Mas foi em uma dessas aventuras que Mano deu seu primeiro passo como técnico. Ele tinha 17 anos e o Esporte Clube Rosário perdia o jogo (Marino não se recorda contra quem). Incomodado com o resultado, o então zagueiro chamou o técnico e lhe fez uma cobrança, pedindo alterações em campo.

- Ele chegou em mim e disse: ‘Professor, o time está mal posicionado. Precisamos mudar’. E eu disse que ele estava certo e que poderia mudar. Nunca tive problema em ouvir a gurizada, eu era mais um coordenador mesmo. Mas se é hoje que o Mano faz um negócio desses mandam ele para rua – falou, rindo, o ex-técnico.

Homem-rã

É assim que o Seu Marino costuma se referir ao atual Mano Menezes. E ele conta o porquê do apelido rindo como uma criança feliz. Tem a vez com os desafios assumidos pelo atual técnico da Seleção Brasileira em sua trajetória.


- O Mano sempre pegou times no fundo do poço. Foi assim com o Guarani-RS, com o Caxias, com o Grêmio, com o XV de Novembro, com o Corinthians... As pessoas devem olhar para ele e dizer: ‘esse aí sabe mergulhar, vamos lá chamá-lo para resolver os nossos problemas – brincou Marino.

A Seleção Brasileira não está no fundo do poço. Mas o desafio de Mano é grande. Fazer uma renovação e conquistar o hexa em 2014, na Copa do Mundo do Brasil.

- Eu só peço a Deus que me dê vida até lá para eu poder ver esse excelente rapaz Mano Menezes campeão do mundo. Depois disso... – finalizou.

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