Obra marca o início do processo para construção da nova arena em Salvador
Com atraso de 27 minutos devido à evacuação de pessoas no local, o anel superior do estádio Fonte Nova foi implodido em 17s por 700kg de explosivos às 10h27m deste domingo sob os olhares de torcedores do Bahia e do Vitória, que antes apreciavam o local de passeio dos moradores de Salvador ao som de músicas de Ivete Sangalo. O processo marcou o início da construção da nova arena, que será utilizada na Copa do Mundo de 2014. O fim da obra está programado para dezembro de 2012.
- Os atrasos foram ocasionados por questão de segurança. Levaríamos a implosão para o período da tarde se fosse necessário. Não poderia haver nenhuma falha. Então, não faríamos nada até que as condições de segurança estivessem totalmente adequadas - disse o secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (Setre), Nilton Vasconcelos.
A Tribuna de Honra será implodida apenas na terça-feira. A demolição do anel inferior e a perfuração dos pilares começou há dois meses. A previsão é que o estádio comece a ser construído em dezembro.
A capacidade da Nova Fonte Nova – nome já aprovado – será de 50.433 pessoas, menos do que o mínimo desejado para a abertura do Mundial, que é de 65 mil. No entanto, as autoridades baianas ainda tentam passar pelos obstáculos para sediar a cerimônia e já contam com o apoio formal dos governos de Recife, Natal e Manaus.
O destaque do novo estádio será a sustentabilidade. Todo o concreto usado na demolição será reaproveitado. Além disso, o tipo de estrutura da cobertura reduz o consumo de aço entre 30% e 40%, o que é ambientalmente mais favorável.
A Nova Fonte Nova também terá assentos cobertos para todos os espectadores, 70 camarotes (número que pode chegar a 100), 1.978 vagas de garagem, sala de imprensa e vestiários. Para o lazer, restaurante panorâmico com vista para o gramado e para o Dique do Tororó, importante ponto turistico da cidade, 39 quiosques, lojas e centro de negócios.
Nesta obra serão gerados cerca de 1.500 empregos diretos e, no período de operação da nova arena, 2.500 empregos diretos. De acordo com o presidente da Fonte Nova Negócios e Participações, Dênio Cidreira, o preço médio do ingresso da Nova Fonte Nova será de R$ 39.
Tragédia marca história do estádio
Sete torcedores do Bahia morreram e 70 ficaram feridos após a queda de parte do anel superior da Fonte Nova em novembro de 2007. As vítimas foram jogadas de uma altura de 20m e caíram na rua, em frente a um colégio estadual. Um alambrado também desabou com a invasão da torcida no gramado. O estádio recebia 60 mil pessoas para a partida contra o Vila Nova, que marcou a confirmação do retorno do time baiano à Série B do Campeonato Brasileiro. As festas com trios elétricos nas avenidas de Salvador foram canceladas. O estádio foi interditado e desde então não é mais utilizado. Como pertence ao governo do estado, coube ao governador Jaques Wagner decidir pela implosão do anel superior.
Sindicato apontou condições precárias da Fonte Nova
Menos de um mês antes da tragédia de 2007, um estudo do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) analisou os estádios candidatos a receber os jogos da Copa do Mundo de 2014. Na avaliação dos especialistas, Fonte Nova era o que estava em piores condições entre os 29 analisados.
De acordo com o documento oficial, o estádio possuía “arquibancadas em ruínas, sem peitoril e com estrutura de vigas e pilares comprometida”. A estrutura encontrava-se em “estado lastimável, sem nenhum conforto e segurança para os usuários”.
A avaliação ainda citou a presença de piso podre nos banheiros e vestiários com sistema de aquecimento e chuveiros em situação crítica. Até mesmo condições básicas de higiene não eram perceptíveis, inclusive nas lanchonetes do estádio.
Números da implosão 700kg de explosivos
962 residências evacuadas
2467 pessoas mobilizadas
17s de duração
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